sexta-feira, 30 de maio de 2008

Da noites que morrem.




Quem poderia acreditar que a noite de fogo, não nasceria?
Lá fora a lua jaz em um aquário e todas as estrelas choram. Apagou-se a luz.
Quem agora, abriga o seresteiro? A chuva cobre sua face, molha o violão *"...O Perfume que roubam de ti, ai..." ele tem o rosto exposto ao sereno, sem saber para onde correr o olhar.

Acima de si, Sol, dia azul e chuva.

- Morreu - bradou o bêbado - a luz do seresteiro! A amante do poeta!

Tomado por um momento de lucidez pavoroso demais para ele, sentiu, dolorosamente, o peso daquela súbita e maldita sobriedade.

Deixou, então, cair a sua garrafa sob a ponte para depois ir afogar-se junto. Não cabe sobreviver a luz do Sol eterno - não é seu habitat. É filho dos cabarés e do vício. Não se pode alimentar a morte debaixo dos olhos durante o dia. Com tanto azul, ela morre de tédio.

Morte gosta é da luz amarela dos postes, na rua banhada de luz de luar
E morreu a lua.
Morrerão os seres.
E não se ouvirá mais chorinho, não se saberá mais de estrelas, ninguém mais verá o seresteiro.

Partiu a noite, bem na noite em que eu estava de partida para os seus braços.

(Jessiely Soares)





*"...O Perfume que roubam de ti, ai..."
(As Rosas não Falam, Cartola)

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