terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobre as estrelas do meio dia




Ele não disse muita coisa.
Moleque de fim de tarde, chegou calado, malandro. Deitou a cabeça em seu colo e adormeceu.
Não sem antes fazer um arco de anjos voláteis passearem pela neblina.

Era noite quando o sono retirou-se do aposento. Na varanda duas estrelas brincavam com as corujas.

Ela segurou suas mãos, sorriu os olhos de mar naqueles olhos de fruta-madura e penduraram um pano florido de chita na janela.
E foi tanto mistério de chuva fina que a primavera nasceu veloz.

De cílios e sorrisos, varal de noites calmas, nunca mais aquele peito hibernou.



(Jessiely Soares)




Foto de: »»SCALABITANO««

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sobre plantas, rochas, água e inocência.





Por um motivo que eu não explico, a gente adora mato, riacho, bicho e orquídea. Adora pisar em chão de barro, parar no meio do caminho para descobrir a curva do riacho, ouvir o borbulhar da fonte, o barulho do córrego.

Por algum motivo que, juro, não sei explicar, amamos andar devagar e procurar flores pequenininhas e orquídeas... borboletas, rochas, pássaros e árvores.

Eu não sei explicar, porque é tão doce observar as palmeiras imperiais e os pardais em revoada sobre a copa da castanheira, do lado da nossa janela.

Eu não sei, mas a minha pequena sabe.

Me disse, semana passada, numa conversa séria depois do passeio, sentada num banquinho da cozinha, que aquela flor roxa tinha um rostinho lindo e que aquela água fazia um barulho gostoso.
Que o passarinhos voavam assim, assim e assim, e cansavam e pousavam assim, assim, e aquilo era muito bonito!
Que amava o beija-flor e que ele sempre "comia" a "flor" da roseira. Que estava com saudades dos cavalos e das plantas e das rochas.

E que gostava do Sol, mesmo quando ele estava no Japão e a lua e as estrelas ficavam cuidando do céu.

Então, ainda não sei explicar...
Mas, graças a inocência da minha filha de três anos, eu agora sei entender.


(Jessiely Soares)
*Nós duas. Foto: Mary (Mainha)