quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Das horas em que não minto

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Ontem eu fingi. Fingi pra minha filha que estava zangada com ela.
Mas, sabendo que fui criança entendi perfeitamente quando ela chorou... É traumático querer guaraná e descobrir que não poderá bebê-lo porque está gelado. A gripe cortou o barato da minha pequena.
Briguei sério com ela.
Não me arrependo, estou educando-a na sublime arte de esconder os sentimentos e ser medíocre... Sociedade, sociabilidade.
"Humano, demasiadamente humano" diria Nietzsche .
Também fingi, para alentar a minha mãe, quando disse que aquela blusa rosa-pálido que ela me deu, era linda! Mesmo que eu tenha achado feia, sem corte, sem jeito e mesmo que eu nunca tenha a usado, a não ser, para arrumar a casa... Mas, tadinha, foi com amor. Eu não podia magoá-la.
Sociedade, amor, compreensão.
Mas, não sei fingir quando estou triste.
É um entardecer, compreende? Eu fico rubra, melancólica, calada. Vou anoitecendo, anoitecendo. Quando acordo é madrugada e não sei mais retornar.
Perco as sandálias, o sangue.
Tristeza, ao menos a minha, é como lançar olhares enfurecidos a uma estrela. Que, por não saber ser diferente, brilha demais quando eu quero tudo escuro.
E, também não sei esconder amigdalite.
Dói quando engulo qualquer coisa e, a febre me dá dor de cabeça.
Eu fico ainda mais madrugável em dias de febre, dor e tristeza.
E hoje, note, hoje amanheci triste e com amigdalite.
Tomara que a noite seja nublada.
(Jessiely Soares)

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