domingo, 28 de junho de 2009

Em Junho


Da fogueira, saltos de chuveirinhos.
A ironia da brasa que incandeia teu olho pequeno e a minha saia rodada.
Dentro em breve, tudo será apenas sereno, e o que queimará será frio demais para acender outro fogo de artifício qualquer.

A brasa morta não acende a chama do folguedo. Não ilumina o estradão. Resta à lua cantar a noite pra iluminar a quadrilha.

A música sanfoneia longe, de terreiro a terreiro.
Minha saia rodada, se arrodeia da perna de tua calça. No embalo, tua mão se aproveita para arrodear o meu quadril.

São João adormece de carneirinho no ombro e São Pedro custa a deixar a chuva amortecer as fagulhas restantes.

O junino vermelho dos panos, do amarelo do milho, da agonia das estrelas na cor de estrada na poeira e, da nenhuma cor que compare ao seu sorriso, respiram o dia seguinte, com a enferma melancolia de festa derradeira.

Com o leve adormecer de teus cílios no amanhecer entre as bandeiras...



(Jessiely Soares)