quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sobre o amor e outros Mundos.

(Dogmas, certezas e a educação que herdei de minha mãe )


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“...Vai pelo caminho da esquerda, boy,
que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."
(Caio F.)




Fui educada para o amor de um jeito errado.

Quando pequena me tilintavam textos. Minha mãe me dizia bons conselhos, desses passados de ancestrais a ancestrais, até alcançar a mediocridade na qual, até antes desse encontro, me encontrava.

Fui, placidamente, educada para o amor dos outros.

Meus doces desvarios, taxados de comportamento errado, eram-me arrancados no calor da brasa.

E os pequenos avivamentos, olhares e sonhos, ficavam intraduzíveis.
Eu fui educada, dogmada, domesticada... Cultuada para o amor.

Amor.

Hoje eu percebo que ele se assentou. Sem muita cerimônia. Bruto.
Ouro que não entreguei.

O amor não é o que me disseram. Ele não é algo simples, sem egoísmo. O amor é cachorro, no sentido violento.

E o que mais me seduz, nesse encanto, é esse gosto de pecado que ele deixa em mim.

Posso contar-lhes dele, sobre ele, sobre os seus anseios, mas, ora... não preciso que me olhem de soslaio. Apenas digo-lhes que ele se assentou, feito pedacinhos de poeira na água límpida.

Se eu contar muito dele, vocês o misturam e ele volta a turvar-se.

Prefiro-o assim, desmistificado, segredoso, quente. Sem boa educação e sem limites de ética.

Sem dogmas, sem Neruda.

O amor é um avivamento dos sentidos. O florescimento do caminho de esquerda.


(Jessiely Soares)

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