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“...Vai pelo caminho da esquerda, boy,
que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha."
(Caio F.)
(Caio F.)
Fui educada para o amor de um jeito errado.
Quando pequena me tilintavam textos. Minha mãe me dizia bons conselhos, desses passados de ancestrais a ancestrais, até alcançar a mediocridade na qual, até antes desse encontro, me encontrava.
Fui, placidamente, educada para o amor dos outros.
Meus doces desvarios, taxados de comportamento errado, eram-me arrancados no calor da brasa.
E os pequenos avivamentos, olhares e sonhos, ficavam intraduzíveis.
Eu fui educada, dogmada, domesticada... Cultuada para o amor.
Amor.
Hoje eu percebo que ele se assentou. Sem muita cerimônia. Bruto.
Ouro que não entreguei.
O amor não é o que me disseram. Ele não é algo simples, sem egoísmo. O amor é cachorro, no sentido violento.
E o que mais me seduz, nesse encanto, é esse gosto de pecado que ele deixa em mim.
Posso contar-lhes dele, sobre ele, sobre os seus anseios, mas, ora... não preciso que me olhem de soslaio. Apenas digo-lhes que ele se assentou, feito pedacinhos de poeira na água límpida.
Se eu contar muito dele, vocês o misturam e ele volta a turvar-se.
Prefiro-o assim, desmistificado, segredoso, quente. Sem boa educação e sem limites de ética.
Sem dogmas, sem Neruda.
O amor é um avivamento dos sentidos. O florescimento do caminho de esquerda.
(Jessiely Soares)
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