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sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Carta
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quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Desvio
Imagem daqui, partes design!
:)
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Das horas em que não minto
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Revoada
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Sobre as estrelas do meio dia
Moleque de fim de tarde, chegou calado, malandro. Deitou a cabeça em seu colo e adormeceu.
Não sem antes fazer um arco de anjos voláteis passearem pela neblina.
Era noite quando o sono retirou-se do aposento. Na varanda duas estrelas brincavam com as corujas.
Ela segurou suas mãos, sorriu os olhos de mar naqueles olhos de fruta-madura e penduraram um pano florido de chita na janela.
E foi tanto mistério de chuva fina que a primavera nasceu veloz.
De cílios e sorrisos, varal de noites calmas, nunca mais aquele peito hibernou.
★ Foto de: »»SCALABITANO««
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Sobre plantas, rochas, água e inocência.
Por algum motivo que, juro, não sei explicar, amamos andar devagar e procurar flores pequenininhas e orquídeas... borboletas, rochas, pássaros e árvores.
Eu não sei explicar, porque é tão doce observar as palmeiras imperiais e os pardais em revoada sobre a copa da castanheira, do lado da nossa janela.
Eu não sei, mas a minha pequena sabe.
Me disse, semana passada, numa conversa séria depois do passeio, sentada num banquinho da cozinha, que aquela flor roxa tinha um rostinho lindo e que aquela água fazia um barulho gostoso.
Que o passarinhos voavam assim, assim e assim, e cansavam e pousavam assim, assim, e aquilo era muito bonito!
Que amava o beija-flor e que ele sempre "comia" a "flor" da roseira. Que estava com saudades dos cavalos e das plantas e das rochas.
E que gostava do Sol, mesmo quando ele estava no Japão e a lua e as estrelas ficavam cuidando do céu.
Então, ainda não sei explicar...
Mas, graças a inocência da minha filha de três anos, eu agora sei entender.
(Jessiely Soares)
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Piedade
domingo, 10 de agosto de 2008
Episódios verídicos de inverdades.
domingo, 3 de agosto de 2008
Sangria - ( Maria Júlia )
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E embalo inconscientemente
Os pecados desprovidos
De perdões que transbordam
- Sangria de lágrimas -
Açudes outrora plácidos,
(Maria Júlia)
*inspirado numa conversa com Jessy e Beto.
sexta-feira, 20 de junho de 2008
Antigas Noites Brancas*
- Oi... Já viu a lua hoje? Tá linda...
- Hmmm... Tipo, são quase 5 da manhã. Ainda tem lua lá fora?... Você bebeu?
- ...
- Bebeu?
- Não. Li, Dostoiévski.
- hmmm?
- E aprendi toda aquela parada que você falava sobre valer tudo à pena, tudo ser eterno num segundo. E sobre as cores que não morrem quando a noite chega, mesmo quando está chovendo, e sobre as estrelas cadentes e o vinho do porto e os desejos adolescentes e as manhãs de domingo e o incontável, o impagável, o imprevisível e ainda pior, o previsível. E sobre a esperança e o desencontro, a lágrima, o adeus, a saudade, a vida, a infância, a praça que tinha um coreto que você corria dentro e espantava os passarinhos, o deserto, o universo, o mar e o fato de que eu precisava saber beber pra não passar vergonha na volta pra casa e o caso da margarida roubada que eu nunca quis roubar porque ela é uma flor feia e porque roubar é feio – e eu sei, eu sei, que você falou que as flores feias também falam com você – e da decadência espiritual e do passeio noturno pela ponte e sobre Elvis.
Eu o ouvi.
- Tem um barulho de chu...
- Tem.
E eu roubei.
To aqui, no meio da chuva, embaixo da sua janela. E eu roubei a margarida que você queria. Eu ainda a acho feia, mas roubei.
E se você pudesse sair e esperar a lua sair da toca do breu e receber a margarida eu poderia te contar que sonhei com você e que chorei quando Nástienka foi embora, pensei que você poderia ir embora e eu não te perdoaria. E doeu.
- Hmmm
- Você viria?
- Não.
- Não? Mas, mas, a margarida?
- Eu fui embora. Você não me perdoaria.
Decidiu que amor era bicho macabro, mudou de vida.
Era uma segunda-feira.
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sábado, 31 de maio de 2008
Pacto de amor sem fim.
Por teu cabelo assanhado e por teu olhar de menino.
No dia em que você crescer, não volto aqui, terá partido toda a graça desse desencontro.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
Da noites que morrem.
Quem poderia acreditar que a noite de fogo, não nasceria?
Lá fora a lua jaz em um aquário e todas as estrelas choram. Apagou-se a luz.
Quem agora, abriga o seresteiro? A chuva cobre sua face, molha o violão *"...O Perfume que roubam de ti, ai..." ele tem o rosto exposto ao sereno, sem saber para onde correr o olhar.
Acima de si, Sol, dia azul e chuva.
- Morreu - bradou o bêbado - a luz do seresteiro! A amante do poeta!
Tomado por um momento de lucidez pavoroso demais para ele, sentiu, dolorosamente, o peso daquela súbita e maldita sobriedade.
Deixou, então, cair a sua garrafa sob a ponte para depois ir afogar-se junto. Não cabe sobreviver a luz do Sol eterno - não é seu habitat. É filho dos cabarés e do vício. Não se pode alimentar a morte debaixo dos olhos durante o dia. Com tanto azul, ela morre de tédio.
Morte gosta é da luz amarela dos postes, na rua banhada de luz de luar
E morreu a lua.
Morrerão os seres.
E não se ouvirá mais chorinho, não se saberá mais de estrelas, ninguém mais verá o seresteiro.
Partiu a noite, bem na noite em que eu estava de partida para os seus braços.
(Jessiely Soares)
*"...O Perfume que roubam de ti, ai..."
(As Rosas não Falam, Cartola)
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Reencontro
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Futuras lembranças - I
Teus erros serão mais amenos, tuas distâncias menores, teus cabelos terão a cor da brisa... Aninhada nesses fios, de constante embaraço esvoaçante.
Os teus sorrisos serão mais largos e um pouco mais abertos, quase bobos. Haja visto que os descendentes estarão sempre fascinando-nos com suas novidades - esses meninos de hoje - coisa que certamente disseram também de nós, em algumas décadas passadas.
E os teus desejos serão simples.
E as tuas lembranças, páginas em sépia.
Então, eu sentarei ao teu lado, lá no alto, no chalé da montanha e observarei contigo adiante na aléia o último passeio do girassol, o sorriso matreiro das marias-sem-vergonha, e o nascer da Lua Cheia, por detrás dos eucaliptos.
E teu olhar terá, ainda mais, o peso da vida, da existência e das muitas luas passadas.
Mas tua alma, de uma cor verde-água, semi-transparente, terá a idade do amor.
Estará presa à minha mão, a sua. Mesmo quando a vida vier aparar as arestas dos arredores dessas nossas montanhas, recortadas pela mão de um artista talentoso.
Será o último selo do álbum do destino, mas minha mão não se desviará da tua.
Nem mesmo nesse momento.
(Jessiely Soares)
Futuras lembranças II
Futuras lembranças III
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Olhos da Alma
Migração
Mutação
Que o espetáculo da vida:
Vê-la desfiar seu fio,
Que também se chama vida,
Ver a fábrica que ela mesma,
Teimosamente, se fabrica,
Vê-la brotar como há pouco
Em nova vida explodida;
Mesmo quando é assim pequena
A explosão, como a ocorrida;
Mesmo quando é uma explosão
Como a de há pouco, franzina;
Mesmo quando é a explosão
“De uma vida Severina.”
(Morte e Vida Severina - João Cabral de Melo Neto)
Lágrimas Sertanejas
*
Sangrou a fé
que era pedra e espinho
na água da serra
que escorre em ruínas
________Na dor da mulher
________que rompe em prantos
________levando no colo
________a boneca, a menina
Chora o sertão
da morte constante
sem mais gado magro
sem som de berrante
________- se peixe, sem verde, sem flor adiante
________sem a reza pra virgem
________no alto do meio dia -
E a dor da fome
que um dia foi canto
morreu afogada
na chuva tardia
(Jessiely)
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Atlas
(Jessiely Soares)
terça-feira, 25 de março de 2008
Antigas Visões
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Hoje decidi sentir saudades
Hoje eu decidi sentir saudades. Decidi. Pelo puro prazer de sentir o nariz quase queimar, quando as lágrimas vêm-mas-não-vêm, na profunda melancolia de uma face entristecida.
Saudade também é mastigável, quase comestível.
E reencontrei com o vento, os maracatus, os poemas e sorrisos. E nada mais doía
Mas, não fui sua nessa noite. Fui minha, toda minha. Fui o que desejei ser, fui saudade. Dolorosa e insana, como deve ser essa sensação destruidora de que falta a própria metade.
Só.
(Jessiely Soares)
domingo, 20 de janeiro de 2008
Ciclos
*
O Sol subiu lento na enseada, inundando de luz as sombras. Astros reluzentes nessa hora são apenas pontos perdidos e sem cor.
Imagino-a: Passos mais lentos, mãos mais enrugadas. Dentro de si, os pensamentos velozes, misturados, completos.
Estrelas cadentes espelhadas em grandes guarda-sóis, desenhos de luz espalhados pelo chão, chamas que crepitam errantes nas velas do altar e seus santos de barro e gesso.
Ela, anos em rosto de anjo pálido, um corpo que pesava mediante a gravidade, cansado de juntar pedras dos descaminhos, que relutava em se entregar... Mas era hora, precisava.
Foi uma boa caminhada. Escreveu sim, seu livro. Fez, sim, muitos acordes no piano e tocou, apesar de tardiamente, seu violino.
E teve um grande amor. Um amor desses escritos à pena em livros de páginas já amareladas com grandes capas de couro marrom, marcado por rasgos, indescritíveis marcas da idade, como orgulhosos e velhos carvalhos.
Seus filhos cresceram. Os olhos que choraram muitas madrugadas febris vislumbravam-nos adultos. Sérios.
Agora, era ela.
E ele, que ainda dormia o sono dos justos.
Mas agora... Maldita sabedoria acumulada de seus avós, que permitia saber o gosto da hora final.
Sob a sombra da varanda mantinha o diário de cetim já desbotado entre as mãos. Os canteiros, que tinham nomes próprios, olhavam-na. Com a suprema inércia aparente das plantas, choravam orvalho entre flores e abelhas.
A última linha. O último gesto e o último passo.
O último suspiro de vida e o último nascer do Sol.
Ele sentiu a falta dela na cama.
Sendo assim, conseguiu, cuidadosamente, ainda beijar seus lábios, enquanto quentes.
Depois, guardou seu diário rosa, com capa de cetim desbotado, que continha sua última frase “Queria tudo outra vez...” na primeira gaveta do velho criado-mudo de cerejeira. Ali descansava o velho álbum, de páginas já amareladas com capa de couro marrom que denotavam o peso dos anos, cheio de relíquias e fotos de uma jovem com vestido branco e flores nos cabelos e de um rapaz com rosto ansioso no dia de seu casamento. E ao seu lado, aninhavam-se as fotos dos filhos abraçados à irmã mais nova, que ostentava a barriga de seu último mês de gestação.
Fechavam-se uns olhos cansados.
Mas recomeçava-se o ciclo.
(Jessiely Soares)