segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Recordação

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domingo, 31 de outubro de 2010

Soledad

É chegado o tempo da solidão. O tempo de sentir as paredes da casa comprimindo durante o fim da tarde. É chegado o tempo das ruas desertas e das amigas distantes... É chegado o momento em que tudo mais parece um dia sem cor. O tempo dos celulares com bônus exagerados e dos chips que se comprometem a ligar de graça por 31 anos. Nada perdura mais que...

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Pedaços

"Minha vida não cabe nos trilhos de um bonde" (Caio F.) . É, há noites em que o sereno invade a sala de estar, mesmo com as janelas fechadas. Não sei o que há, Baby. Minhas asas andam descolorindo. Não tenho gosto por cigarros, porém, se eu gostasse, poderia criar uma nuvem venenosa e me afogar em um ritual. Mas eu realmente não fumo. Tenho gosto por tulipas. Tulipas não vivem onde mora ausência. Minha sala anda recheada de saudades velozes; Contudo,...

domingo, 28 de junho de 2009

Em Junho

Da fogueira, saltos de chuveirinhos. A ironia da brasa que incandeia teu olho pequeno e a minha saia rodada. Dentro em breve, tudo será apenas sereno, e o que queimará será frio demais para acender outro fogo de artifício qualquer. A brasa morta não acende a chama do folguedo. Não ilumina o estradão. Resta à lua cantar a noite pra iluminar a quadrilha. A...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Infantista

. Não sei. Hoje amanheceu de Sol, uma grama se insinuou para mim e fui ter com ela.Sentei, sorrateira, e um grama de saudade me escorreu por entre as pálpebras semi-cerradas. Me senti amarga. Não sei, sabe, era alguma coisa que o vento marginal trazia. Um cheiro de fazenda.Ali, sentada, via as crianças que passavam para a escola de boina quadriculada....

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sobre o amor e outros Mundos.

(Dogmas, certezas e a educação que herdei de minha mãe ). “...Vai pelo caminho da esquerda, boy, que pelo da direita tem lobo mau e solidão medonha." (Caio F.)Fui educada para o amor de um jeito errado.Quando pequena me tilintavam textos. Minha mãe me dizia bons conselhos, desses passados de ancestrais...

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Carta

* Eu preciso bradar. Não pelo valor do grito, mas pelo desespero faminto de me fazer capaz de curar desses tremores que me matam.Os valores estão vencidos, você percebe? As marcas estão expostas e são profundas. Tudo está em inversão.Eu não prostituí meu verbo. Carrego a fadiga e as chagas de não ter vendido meu corpo de texto aos desejos ambíguos...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Desvio

O que explode lá fora é só arrebol.E, quando, maternalmente, meu espírito canta, as palavras-meninas se debruçam na janela a banharem-se de luar. Sob a luz incidente do Sol elas se negam a nascer... "Retinas sensíveis" me repetem entre pequenos e leves gestos infantis.Eu aceito e acredito.Só converso com a noite. Teimo em ver estrelas marejadas, Luas solitárias e cometas doidivanas a morrer depois da cúpula; onde dois precipícios decidem esperar...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Das horas em que não minto

. Ontem eu fingi. Fingi pra minha filha que estava zangada com ela.Mas, sabendo que fui criança entendi perfeitamente quando ela chorou... É traumático querer guaraná e descobrir que não poderá bebê-lo porque está gelado. A gripe cortou o barato da minha pequena.Briguei sério com ela.Não me arrependo, estou educando-a na sublime arte de esconder os...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Revoada

Alguns gestos esperançosos largados pela janela e a vastidão de tudo abraça aquela pétala. Não, não foi flor que abriu as asas e voou. Foram os olhos dela. De partida, alguns lenços desbotados sobre a espessura rachada da mesinha. Sabe como é, pequenas relíquias partidas, algumas manchas no carpete e um bom soneto...Para as luas indevidas. Coube ainda...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sobre as estrelas do meio dia

Ele não disse muita coisa. Moleque de fim de tarde, chegou calado, malandro. Deitou a cabeça em seu colo e adormeceu. Não sem antes fazer um arco de anjos voláteis passearem pela neblina. Era noite quando o sono retirou-se do aposento. Na varanda duas estrelas brincavam com as corujas. Ela segurou suas mãos, sorriu os olhos de mar naqueles olhos...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sobre plantas, rochas, água e inocência.

Por um motivo que eu não explico, a gente adora mato, riacho, bicho e orquídea. Adora pisar em chão de barro, parar no meio do caminho para descobrir a curva do riacho, ouvir o borbulhar da fonte, o barulho do córrego. Por algum motivo que, juro, não sei explicar, amamos andar devagar e procurar flores pequenininhas e orquídeas... borboletas,...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Piedade

Que foi feito daquele velho lençol de poeira que guardava sob nosso pensamento? Hoje vasculhei minh'alma inteira e não o pude encontrar. Você varreu meus desatinos? Ontem, encerrei meu desejo. Guardei na quina do bar de cerejeira o meu último gole de uísque. Não falarei mais sobre você aos meus desafetos. Para que? Você deixou a carta do blefe...

domingo, 10 de agosto de 2008

Episódios verídicos de inverdades.

Dia desses, eu sei, bem sei, você pira. Deixa esse uísque falsificado, esse vinho barato, esse gosto pela boemia e por Nelson.Dia desses, você deixa seu sotaque e pega um sonho na palma da mão, assim, macio.Eu sei, Baby. Reconheço que você é lindo e que esse seu cabelo enroladinho me tira do sério. Mas, você há de convir, que suas promessas não têm...

domingo, 3 de agosto de 2008

Sangria - ( Maria Júlia )

* Se me falha o choroÉ porque em preces entregueiMeu amor estranhoAos luares duplosDas noites de Abril, Se me chega o risoEmparedado por lembrançasDe cachoeiras e redesQue não terminamos de tecer,Calo-me, febril, E embalo inconscientemente Os pecados desprovidos De perdões que transbordam - Sangria de lágrimas - Açudes outrora plácidos, Sucumbida...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Antigas Noites Brancas*

- ... alô... - Oi... Já viu a lua hoje? Tá linda... - Hmmm... Tipo, são quase 5 da manhã. Ainda tem lua lá fora?... Você bebeu? - ... - Bebeu? - Não. Li, Dostoiévski. - hmmm? - E aprendi toda aquela parada que você falava sobre valer tudo à pena, tudo ser eterno num segundo. E sobre as cores que não morrem quando a noite chega, mesmo quando está...

sábado, 31 de maio de 2008

Pacto de amor sem fim.

Não se engane, esses olhos verdes nem sempre me refletem e a noite ainda não me revelou. Tenho mistérios guardados a sete chaves, dentro de uma velha garrafa, na minha caixa de sapatos e recados escondida no fundo do armário de cerejeira. E te conto onde me guardo porque não tenho medo de que me descubras. Você não subiria até meu sótão apenas para...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Da noites que morrem.

Quem poderia acreditar que a noite de fogo, não nasceria? Lá fora a lua jaz em um aquário e todas as estrelas choram. Apagou-se a luz. Quem agora, abriga o seresteiro? A chuva cobre sua face, molha o violão *"...O Perfume que roubam de ti, ai..." ele tem o rosto exposto ao sereno, sem saber para onde correr o olhar. Acima de si, Sol, dia azul e...

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Reencontro

Vicejava o jardimFeita de pedra e conhecida por ser mal assombrada, erguia-se imponente a casa da esquina.Nove cômodos, sem incluir o oitão. A moradia abrigava grandes janelas em arco donde pendiam velhas cortinas gastas e descoradas.Na parede do muro, imperavam samambaias e outras trepadeiras.Ostentava, debaixo da Figueira, dois bancos iguais de...

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Futuras lembranças - I

Um dia, quando os teus anos começarem ser cerceados pela vida, e teus olhos tiverem o brilho do arrebol e o peso de uma existência, teus passos não serão tão firmes e tuas palavras, mais baixas, ditas em um sussurro quase inaudível. Teus erros serão mais amenos, tuas distâncias menores, teus cabelos terão a cor da brisa... Aninhada nesses fios,...

Futuras lembranças II

Dos sonhos nasceram os filhos... Um a um. Dois. Quisera Deus que não fossem gêmeos, quisera.  Acostumaram-se cedo, ao rosto estampado do pai entre os lençóis nos finais de semana e aos reclames costumeiros da mãe, pela sandália que ficava no corredor e pela camisa estendida nas costas da cadeira... Adormeciam aliciados pelo velho costume...

Futuras lembranças III

“... Céus de flores vêm descendo...” ...E então, amor, um dia seremos novamente só nós dois. Não mais as madrugadas enrugadas sob o teto, nem as manhãs coloridas de carnaval... Seremos dois, infinitos, no ponto mais extremo de um cometa. Das figuras mais distantes sob a mesa, quando éramos dois antigos sonhadores, restarão os símbolos, os afagos...

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Olhos da Alma

Chove.O Solo rachado despedaça-se ao contato com as grossas gotas de chuva que fazem da paisagem mórbida um cenário impressionista, bonito de ver.As nuvens se formam no alto da serra e escorrem, vagarosamente, eriçando o sertanejo mais jovem e comovendo o mais idoso.E quão grato fica o povo sofrido por aquela chuva!Os meninos brincam nas calçadas...

Migração

O dia lá fora era evidentemente claro. Iluminado como as visões que sempre acometiam os seus dias: Esperanças.Um novo chão a ser desbravado, longe das brenhas cinza do seu Sertão. Fugindo da fome estava agora embrenhado nas terras úmidas e secas do Norte, com todas as certezas voltadas para aquela terra inóspita, sem estrada e sem lei. Havia consigo...

Mutação

"... E não há melhor resposta Que o espetáculo da vida: Vê-la desfiar seu fio, Que também se chama vida, Ver a fábrica que ela mesma, Teimosamente, se fabrica, Vê-la brotar como há pouco Em nova vida explodida; Mesmo quando é assim pequena A explosão, como a ocorrida; Mesmo quando é uma explosão Como a de há pouco,...

Lágrimas Sertanejas

*Sangrou a féque era pedra e espinhona água da serraque escorre em ruínas________Na dor da mulher________que rompe em prantos________levando no colo________a boneca, a meninaChora o sertãoda morte constantesem mais gado magrosem som de berrante________- se peixe, sem verde, sem flor adiante________sem a reza pra virgem________no alto do meio dia -E...